As aparências enjoam
[Você pode ler esse texto ao som de Ship To Wreck, da Florence and the Machine ♫]
Gosto tanto de você quando não finge ser outra pessoa, gosto muito daquele seu jeito tímido e meio bobo, gosto quando fica feliz por pouca coisa ou quando fala uma bobagem só pra me fazer rir. Mas quando finge ser uma pessoa diferente, alguém que você não é, eu gosto tão pouco, chego até a desgostar.
Não sei se você sabe, mas a gente ama o outro por sua inutilidade. Não pelas mil coisas que ele saber fazer ou finge que sabe. Eu gosto de não fazer nada com você e por isso não preciso saber o quanto você foi foda no final de semana ou quanto dinheiro tem na sua conta, eu gosto da sua inutilidade. Gosto dos seus erros, dos seus defeitos e não daquela pessoa que você quer que as outras enxerguem.
Hoje, vejo que você faz coisas para chamar minha atenção e eu tento não lidar com isso. Sabe por quê? Você já a tem, roubou de mim faz tempo. E o melhor de tudo é que você fez isso sendo a pessoa que é, não precisou fazer malabarismos para que isso acontecesse. Só precisou ser inútil, ser você mesmo. E quanto mais eu penso nisso, sobre essa minha forma de te querer, mas eu acredito que as coisas simples são incríveis.
Você não precisa mudar por mim, da mesma forma que eu não preciso – e nunca faria isso – mudar por qualquer um. Nós precisamos ser apenas aqueles por quem nos apaixonamos, sem trocar de pele, sem viver de aparências. Amor não é sobre quem você quer ser e sim sobre quem você é.
Acredito que o amor romântico deveria ser igual ao amor entre amigos, aquele tipo de amor que a gente não pediu, que não cobramos, que recebemos do jeito que as pessoas são. Já percebeu que ninguém quer mudar um amigo? Os amigos nós aceitamos como eles são e não precisamos ser outra pessoa quando estamos entre eles.
Comigo você não precisa ser outra pessoa, afinal eu nem conheço essa outra pessoa. Não mude, não viva de aparências. Um dia elas enjoarão a mim e aos outros.
Esse texto faz parte do projeto “Eu, Você e Eles”.